O paradigma dominante da nossa
prática missionária considera como “vocacionado” somente o membro de igreja que
sente a inclinação para ser missionário ou aquele que deseja exercer um
ministério eclesiástico, especialmente o pastorado.
Ao constatar esta realidade, uma
inquietação toma conta do meu coração, fazendo-me admitir que, em nossas
igrejas, a grande maioria de cristãos sinceros também vive esta dicotomia entre
“servir a Deus” e ser um vocacionado para o trabalho “na obra de Deus”.
Entretanto, quando falamos sobre a
Missão de Deus (missio Dei) para este mundo, duas questões devem ser
consideradas em relação à “vocação para a missão”: Em primeiro lugar, alguém
“vocacionado para a missão”, necessariamente, não faz referência apenas a um
missionário com formação teológica, que atua mediante a proclamação do
evangelho. "Vocacionado para a missão" também pode acolher a ideia de
um profissional que decidiu dedicar seu trabalho todo em algum campo
missionário ou, ainda, de um profissional liberal que consagrou sua vida a
Deus, transformando seu gabinete de trabalho em um campo missionário.
Em segundo lugar, quando se fala de
“missões” em nosso universo evangélico, percebe-se que a nossa abordagem e as
nossas metodologias em geral enfatizam o “fazer” e não o “ser”.
Contudo, voltando a Palavra de Deus para analisar o verdadeiro sentido de
vocação, constatamos que um dos primeiros chamados do cristão é para ser santo
– todos somos “separados”.
Cremos que todo filho de Deus é
chamado para viver um estilo de vida que glorifique a Deus onde está, e com o
que é, e também com o que faz. Temos ouvido muitos depoimentos de que “esta
descoberta” foi libertadora para as suas vidas. Foi um “divisor de águas”, em
sua existência, descobrir que podem participar da Missão de Deus para este
mundo, mesmo não estando envolvidos diretamente numa atividade religiosa.
Refletindo sobre estas questões e
buscando respostas na Missiologia atual foi que as duas Juntas Missionárias
(JMN e JMM) organizaram o “SIM, todos somos vocacionados”, de 7 a
10 de junho deste ano de 2012, em Sumaré/SP, tendo como objetivo contribuir
para que cada congressista descobrisse a sua vocação, e vislumbrasse como
poderia servir no Reino, glorificar a Deus com suas vidas, no lugar em que
foram colocados. Uma das frases-tema do evento foi: “não estou no mundo a
passeio – tenho uma missão a cumprir”.
Nas avaliações dos participantes,
confirmamos que muitos jovens viviam com as dúvidas sobre as quais conversamos
neste artigo. Muitos disseram que o congresso os ajudou a “tirar um peso das
costas”. Os resultados foram excelentes, e ainda fomentaram variadas
iniciativas entre diferentes grupos espalhados pelo Brasil.
Estes “ecos” pós-evento vieram
fortalecer nossa certeza de que existe a necessidade de rever e reformular
nossos conceitos e estratégias com “vocacionados”, voluntariado e eventos.
Neste sentido, nossa proposta é a de ter um espaço específico para trabalhar
com a temática VOCAÇÃO, tanto no âmbito das Juntas Missionárias como de outros
segmentos da CBB, desenvolvendo formas de trabalho multifacetado,
interdependente e com transversalidade entre os diferentes setores.
Desta forma, a frase - “Deus, não me
deixe de fora do que o Senhor está fazendo no mundo!” – se tornou um mote para
muitos e, especialmente, para quem está em fase de definição de vocação. Ela
traz uma releitura do sentido da nossa vida, da nossa missão neste planeta.
Muito mais que uma frase, um movimento em direção ao outro. Um estilo de vida
missional.
Quando cada cristão entender que nós
não "fazemos missões", nós "estamos em missão", e quando
cada cristão descobrir sua parte no Reino de Deus, teremos vocacionados em
todos os segmentos da sociedade, não apenas nos campos missionários
propriamente ditos. Teremos pessoas servindo pessoas seja num projeto
missionário, seja como pastor de uma comunidade de fé, seja no chá da tarde com
o vizinho; ouvindo; mais do que falando, vivendo o evangelho. Quando todos
entendermos que todos somos vocacionados, todos seremos melhores missionários e
realizaremos trabalhos de excelente qualidade onde Deus nos colocar.
Missionária Analzira Pereira do
Nascimento
Coordenadora Geral do JMM Jovem
03/09/2012
Analzira Pereira do Nascimento, Missionária, Doutoranda em
Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, Enfermeira,
Coordenadora do JMM Jovem e Presidente da APMB, Associação de Professores de
Missões no Brasil.
Biografia
Analzira Pereira do Nascimento
É Missionária, doutoranda em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, e mestre pela mesma instituição (02/03/2005), onde defendeu dissertação sobre Pastoral em situação de conflito e crise na guerra civil de Angola, no período de 1985 a 2002. É enfermeira e bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo (1980). Atualmente é a Coordenadora Geral do JMM JOVEM, coordenou o Projeto Radical - Voluntários Sem Fronteiras, da Junta de Missões Mundiais, da Convenção Batista Brasileira, que tem como objetivo recrutar, selecionar, treinar e enviar jovens vocacionados para trabalharem como voluntários junto a comunidades africanas e latino-americanas com baixos indicadores sociais. Tem experiência na área de Missiologia, com especialização em Missão Integral, atuando em projetos com ênfase na missão encarnacional, transformação de realidades e comunidades, missão em situações de crise, necessidades do mundo e juventude com propósitos. Presidente da Associação de Professores de Missões no Brasil – APMB
O versículo da Analzira é Atos 20:24 "Em nada considero a
vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o
ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da
graça de Deus."
A oração: "Deus, não me deixa de fora daquilo que o Senhor está fazendo no mundo!"
A oração: "Deus, não me deixa de fora daquilo que o Senhor está fazendo no mundo!"
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Gostei e resolvi compartilhar.
A.Barros
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